“Meu nome é Hortência. É. Eu tenho nome de flor. Nasci no dia 23 de setembro, dia que no Hemisfério Sul se comemora a entrada da Primavera, a estação das flores. Nasci numa cidade do interior do país que se chama Potirendaba, que na língua dos índios quer dizer “Cesta de Flores”. E passei a vida buscando a cesta. Uma menina pobre, com nome de flor, nascida na entrada da Primavera, numa cidade chamada Cesta de Flores.
Que vem aqui hoje, numa cidade chamada Campos da Primavera, receber a maior homenagem que um esportista pode almejar: alcançar o Hall da Fama. Para aquelas pessoas que acreditam em estatísticas no esporte, talvez isso explique tudo. Para aqueles que acreditam em destino, esta é uma boa teoria.
Para os que acreditam em missão, karma, premonição, etc… tem aí bons motivos para discussões. Para os que não acreditam em nada, tudo é coincidência. Mas os que não acreditam em nada, eu sei, nunca vieram aqui. Nem nunca virão.
Sair de uma situação adversa, num país sem nenhuma tradição no basquete, sem nenhum apoio, com equipamentos precários e chegar aqui esta noite, em meio aos meus maiores ídolos…
e ver reconhecida uma vida inteira dedicada ao esporte, me faz acreditar mais ainda que, quando existe uma oportunidade, por menor que seja, tudo é possível.
E se nessa hora esse prêmio é um motivo de orgulho e de alegria para os brasileiros, então é a eles que eu dedico.
Obrigada aos que me acolheram.
Obrigada aos que me incentivaram.
Obrigada aos que me ajudaram.
Obrigada às minhas companheiras, técnicos, preparadores.
Obrigada aos meus amigos, aos meus filhos, aos meus pais.
Obrigada ao meu país.
Obrigada ao meu povo que sempre torceu por mim.
E obrigado a Deus por ter me plantado numa terra boa, com nome de flor, no dia das flores e o que é melhor, numa cesta.”